quinta-feira, maio 20, 2010

Os 23 da Copa (II) - Maicon: força e velocidade pela direita


Maicon Douglas Sisenando nasceu predestinado a ser jogador. Seu pai, Manoel, era um vigoroso defensor do Novo Hamburgo, o tradicional "Nóia", equipe da cidade gaúcha de mesmo nome distante 42km de Porto Alegre. Sonhando ver o garoto e seu gêmeo Marlon trilhando o mesmo caminho, utilizou-se de uma curiosa simpatia: pegou os cordões umbilicais dos filhos e os enterrou no gramado do Estádio Santa Rosa.

Logo a família mudou-se para Santa Catarina, estabelecendo-se em Criciúma, a famosa "Capital do Carvão". Pequeno e mirrado quando garoto, bem ao contrário do "tanque" de agora, iniciou sua trajetória nos gramados pelas categorias de base da equipe local, aos 13 anos. O irmão Marlon, seu companheiro no início da caminhada, logo viria a desistir do sonho de ser jogador, optando por se dedicar integralmente aos estudos e formar-se em Educação Física.

Deslocado do meio-campo para a lateral-direita, encontrou a posição ideal para exercer seu futebol marcado por um misto de velocidade, vigor físico e, porque não, alguma habilidade. Chamou a atenção do Cruzeiro, que o levou ainda amador para Minas. E logo chegaria às seleções de base, sendo titular da equipe Sub-20 do Brasil campeã sul-americana da categoria e que disputou o Mundial na Argentina em 2001, ao lado de outras futuras estrelas, como Kaká e Adriano.

Em 2003, chegou à equipe pré-olímpica, disputando torneios no Qatar e Estados Unidos, e começando a garantir sua posição visando os Jogos de Atenas. No clube, ainda aguardava por uma chance real de ser titular: após disputar a posição por duas temporadas com jogadores como Neném e Ruy "Cabeção", via do banco o ex-santista Maurinho "voar" em campo e brilhar junto com o resto do belo time que ganhou a "Tríplice Coroa" naquele ano.

Começou 2004 em boa fase. O Brasil decepcionou no Pré-Olímpico do Chile e não conseguiu vaga para a competição na Grécia. Contudo, Maicon atuou bem e até fez um gol de placa, diante do Paraguai, que alguns até compararam ao marcado por Maradona diante da Inglaterra na Copa de 1986. Aproveitando-se de um momento de deslumbramento e início de má-fase de Maurinho, ganhou a camisa 2 titular do Cruzeiro.

Não teve muito tempo para apreciá-la, sendo logo negociado com o Monaco. Ao mesmo tempo, iniciava sua trajetória na Seleção principal, sendo campeão da Copa América no mesmo ano; já em 2005, perdeu na Copa das Confederações a disputa para o são-paulino Cicinho pela reserva de Cafu e, consequentemente, a chance de fazer parte do grupo de Parreira no Mundial da Alemanha.

Depois de dois bons anos no Monaco, chegou à Inter de Milão, e o momento não poderia ser melhor. Começava ali o domínio humilhante que os nerazzuri impõem a seus rivais da Bota até os dias de hoje. Maicon, antes visto por muitos por um jogador tão atabalhoado e grosso quanto forte e veloz, começou uma incrível evolução como atleta, agora firme na marcação, de eficiência bastante satisfatória nos cruzamentos e chutes temíveis de longa distância.

Não demorou a tomar conta da 2 da Seleção, aproveitando-se da timidez inicial com a amarelinha do principal concorrente, Daniel Alves, que brilhava intensamente no Sevilla mas não repetia nem de longe o mesmo desempenho na equipe de Dunga. O ex-jogador do Bahia firmou-se no grupo com o tempo, mas aí já era tarde para roubar a posição de Maicon.

Hoje, o ex-cruzeirense é tido como peça indispensável ao esquema tático da Seleção, ajudando a "desafogar" o jogo com suas arrancadas pela direita. E talvez até venha a atuar ao lado de seu, por enquanto, reserva, cujo aproveitamento no meio-campo tem se mostrado bastante viável e não descartado pelo treinador. Sorte do Brasil, que conta talvez com os dois melhores laterais-direitos do mundo na atualidade ao mesmo tempo.


Maicon Douglas Sisenando
lateral-direito
Novo Hamburgo (RS), 26.07.1981
1,84 m
77 kg
Clubes: Cruzeiro (2001 a 2004), Monaco-FRA (2004 a 2006) e Internazionale-ITA (desde 2006).
Títulos: mineiro (2003/04), do Supercampeonato Mineiro (2002), brasileiro (2003), da Copa do Brasil (2003) e da Copa Sul-Minas (2001/02) pelo Cruzeiro; italiano (2007/08/09/10) e da Copa da Itália (2010) pela Internazionale; sul-americano Sub-20 (2001), da Copa América (2004 e 2007) e da Copa das Confederações (2005 e 2009) pela Seleção Brasileira.
Jogos pela Seleção: 69 (6 gols)
Participação em Copas: estreante

Foto: Getty Images

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