quinta-feira, maio 27, 2010

Os 23 da Copa (IV) - Juan: elegância na zaga

O carioca Juan Silveira dos Santos sempre se destacou pela categoria e técnica no trato com a bola. Disputando a final do Mundial Sub-17 do Equador, em 1995, contra Gana, marcou um belo gol de calcanhar, mas não evitou a derrota brasileira por 3 x 2. No ano seguinte, foi o vice-artilheiro do Flamengo no Estadual de Juvenis, com 13 gols. Detalhe: era, e ainda é, zagueiro.

Desde sua chegada à Gávea, quando tinha apenas 11 anos, Juan sempre mostrou ser um jogador diferenciado dentro da posição, aliando a boa técnica a uma ótima impulsão e segurança no desarme, apesar do físico esguio e aparentemente franzino. O sucesso estendeu-se à camisa amarela: passou por todas as seleções amadoras. Visto como grande promessa, cedo foi promovido ao time profissional do Flamengo, em 1996, com apenas 17 anos.

Logo a decisão mostrou-se precipitada. Ficando quase sempre na reserva e perdendo ritmo de jogo, Juan não conseguiu manter uma boa seqüência ao entrar na equipe, que estava em péssima fase. Contudo, eventualmente mostrava sua categoria marcando gols decisivos, como o que eliminou o Internacional na Copa do Brasil de 1997 e, principalmente, em um tento belíssimo diante do Olimpia do Paraguai pela extinta Supercopa Libertadores, com uma arrancada fulminante seguida de uma meia-lua no beque adversário e a conclusão na saída do goleiro.

Foi reconduzido aos juniores para ganhar mais experiência. E logo retornou ao quadro principal, em 1999, mesmo ano em que disputou o Sul-Americano e o Mundial Sub-20 pela Seleção. Assumiu a camisa titular e festejou o quarto tricampeonato estadual da história rubro-negra.

Na conquista do tri, tinha a seu lado Gamarra, um de seus melhores "professores" no início da carreira e, igualmente, famoso por esbanjar elegância na posição. O becão paraguaio, do alto de sua experiência, ainda revelou: "Tecnicamente falando, ele é o melhor companheiro de zaga que já tive". Pena que a dupla durou pouco tempo. Gamarra logo foi jogar no AEK Atenas da Grécia e Juan passou a dividir a zaga com jogadores de (muito) menos gabarito, como os estabanados Fernando, Valnei e Leonardo Valença.

Mesmo assim, Juan já havia conquistado destaque suficiente para chegar à Seleção principal. Convocado pela primeira vez por Emerson Leão, seguiu tendo oportunidades com Luiz Felipe Scolari. Sua presença chegou a ser dada como certa no Mundial de 2002, mas na última hora, Felipão surpreendeu, preferindo levar mais um jogador de meio-campo, no caso o corintiano Vampeta, que por sinal estava em péssima fase.

Mal se refez do baque, Juan tomou o rumo do futebol alemão, negociado por 3,2 milhões de dólares com o Bayer Leverkusen. Lá, chegou com moral, comparado ao campeão mundial Aldair, outro ex-rubro-negro que brilhou intensamente na Europa. Tinha ainda a vantagem de atuar numa equipe repleta de brasileiros, entre eles o também beque Lúcio, este integrante da equipe pentacampeã no Japão e na Coréia do Sul.

Logo se firmou e fez uma das melhores duplas de zaga da Alemanha, aliando sua técnica apurada ao estilo mais vigoroso de Lúcio. E o prêmio foi o retorno à Seleção pelas mãos de Carlos Alberto Parreira.

Após boas participações na Copa América de 2004 e na Copa das Confederações do ano seguinte, ambas conquistadas sobre os eternos rivais argentinos, Juan firmou-se como titular da zaga. No Mundial de 2006, reeditou a bem-sucedida parceria que havia estabelecido com Lúcio, já à época defendendo o Bayern Munique. Formaram uma dupla sólida e atuaram em todas as partidas sem jamais serem substituídos, estando entre os poucos jogadores poupados das críticas após mais uma doída eliminação diante dos franceses.

Trocou o Bayer pela Roma no ano seguinte, firmando-se no duro futebol italiano. E a dupla com Lúcio manteve-se inabalável na Seleção. A única dúvida sobre o futuro do ex-flamenguista no Mundial da África do Sul recai sobre sua atual condição física, um tanto incerta após várias contusões musculares sofridas nos últimos anos. Se estas não incomodarem, será uma vez mais garantia de segurança lá atrás.


Juan Silveira dos Santos
zagueiro
Rio de Janeiro (RJ), 01.02.1979
1,82 m
73 kg
Clubes: Flamengo (1996 a 2002), Bayer Leverkusen-ALE (2002 a 2007) e Roma-ITA (desde 2007).
Títulos: carioca (1999/2000/01), da Copa Mercosul (1999) e da Copa dos Campeões (2001) pelo Flamengo; da Copa da Itália (2008) pela Roma; da Copa América (2004 e 2007) e da Copa das Confederações (2005 e 2009) pela Seleção Brasileira.
Jogos pela Seleção: 75 (7 gols)
Participação em Copas:
2006 (5º lugar) - 5 jogos, nenhum gol

Foto: Getty Images

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